MAIS UM DIA DEPOIS DO GOLPE
por
Fernando Fortuna
CAPÍTULO DOIS
REDES SOCIAIS
Twitter.
Do Twitter está saindo um diplomata.
Facebook. O Fecebook é onde as pessoas vão aprender sobre Previdência Social.
Google. O Google é o oráculo maior da verdade absoluta.
Se existe uma terra conhecida como terra de ninguém, esta é a terra das redes sociais.
Nem todo reacionário é internauta, mas todo internauta está reacionário. Eu digo está reacionário porque me incluo. Basta acessar uma rede social, e lá estamos todos nós, os reacionários.
Uma terra feita de hashtag, like, self. Um lugar de verdades conflitantes, manadas inteiras de religiosos, ateus, padres, putas, presidentes, ministros, você e eu, atropelando um ao outro.
Lá todo mundo é eterno, os pensamentos são eternos.
Mas, aqui no mundo dos pontos de ônibus, no mundo do próprio ônibus lotado, do motorista de Uber que tá fodido, do Zé, do Mané, da Maria, da Tonha, aqui no mundo do troco e do trocado a gente morre.
A gente morre sem ir ao teatro, morre sem ver as estrelas, morre sem ouvir O Trenzinho Caipira. No máximo se vê televisão.
Viver é um luxo.
E se é um luxo viver, imagina então ler Suassuna.
Então, se foge para o mundo virtual. No mundo virtual tudo pode, até filosofia.
Só tem um problema: a casa fica abandonada.
Abandonamos a casa, o bairro, o país, abandonamos o mundo, comemos lixo, sentimos preguiça, cobiça.
O mar é puro lixo, os campos puro lixo, as ruas e as casas puro lixo.
As coisas criando bicho.
É um projeto de imbecilização bem sucedido. Observe como vivem os porcos, você vai se surpreender quando se reconhecer na pele de um porco, quando olhar o chiqueiro e depois olhar ao seu redor.
Não foi com as redes sociais que começou, claro que não.
Como começou, eu vou contar.
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