SEM ROCK AND ROLL

O Rock nunca foi pensado.

É o final dos anos 1940 nos subúrbios dos Estados Unidos, o country e o blues, o rhythm and blues, deveriam estar influenciando o discotecário Alan Freed a misturar estes ritmos.

O preconceito sobre os ritmos africanos estava sendo vitorioso. Esses ritmos eram cada vez mais associados ao satanismo e estavam sendo massacrados por outros ritmos.

Nesse mundo o ano de 1951 chegou e Ike Turner não havia montado uma banda.

Bill Haley passou o ano de 1955 pensando em qualquer coisa, menos em gravar Rock Around the Clock.

Um ano antes, em 1954, deveria ter sido gravado That’s All Right, o primeiro single de Elvis Presley. Mas, dezenove anos antes, no dia 8 de janeiro de 1935, Elvis Aaron Presley nasceu morto durante o parto de gêmeos univitelinos. Seu irmão, Jessie Garon, sobreviveu, mas não possuia nenhum talento para as artes.

E ninguém apareceu mesmo, nem Big Joe Turner, nem Chuck Berry e nem Jerry Lee Lewis.

Na verdade, em 1950 a guitarra elétrica era cada vez mais impopular.

Os avanços nas tecnologias de gravação multi-faixas aconteceram, mas não pelas mãos de Les Poul.

O idéia do Rock and Roll jamais germinaria.

Todos os efeitos sociais conhecidos por você, em sua realidade, simplesmente não existem nessa realidade alternativa. Estilo de vida, moda, atitudes e vocabulário, não surgiram.

O movimento dos direitos civis nos EUA não surgiu, pois os jovens negros e brancos não tinham um estilo musical para apreciarem juntos.

Cliff Richard não tinha qualquer influencia, nunca gravou Move it, e nunca inaugurou nada parecido com o Rock Britanico.

Em 1955, Lonnie Donegan não gravou Rock Island Line, não desenvolveu o skiffle pela Grã- Bretanha, e os Beatles não surgiriam em 1962.

Sem o Rock and Roll, a década de 1950 também ficou sem o movimento beatnik, e por consequência, sem o Folk, ou seja, nada de Bob Dylan nem suas influencias mundo a fora.

Bom, sem a cena folk, não nasceu o psicodelismo, e o mundo nunca conheceu nada que fosse ao menos parecido com o Pink Floyd.

No mundo sem o Rock and Roll, nunca se pensou num Verão do Amor, então, nada inspirou Janis Joplin nem Jimi Hendrix.

Também nunca ouve a ideia do Festival Pop de Monte Rey. Muitas festinhas rolaram em 1969, Mas o Festival de Woodstack jamais aconteceu.

Veio a década de 1970 e todos os músicos estavam lá, todos os artistas que você já ouviu falar estavam na cena, menos as bandas de Rock.

O mundo jamais conheceu ou ouviu falar em Led Zeppelin, nem Kiss, nem Queen, nem AC/DC, nem Alice Cooper. A Alemanhã nunca ouviu falar em Scorpions, e o Canadá não faz a menor idéia do que seja o Rush.

1980, o Brasil ja empregnou o mundo com Bossa Nova, um professor de filosofia chamado Raul Seixas sabe que detesta a Bossa Nova, mas não sabe que perdeu um filho chamado Rock Brasileiro.

Guns N’ Roses, Bon Jovi, Van Halen, ninguém apareceu.

Questões sociais e politicas, desemprego, a realidade difícil da vida cotidiana nos centros urbanos, já foi retratada por vários gêneros musicais, mas nunca conheceram a franqueza e o conflito das letras do Punk Rock. Nunca apareceu nada como Clash, Sex Pistols, nem Ramones.

Um fato curioso é que, no Brasil, bandas como Legião Urbana e Titãs, nasceram, mas já nasceram populares, pois nunca ouviram falar em nada parecido com Punk Rock.

1990 e nada, Nem Nirvana, nem Alice in Chains, nem Pearl Jam, nada.

No Brasil, desde a década de 1950, o que predomina é a Bossa Nova. Todos os ritmos e artistas que você conhece estiveram ou estão por aí, menos os que seriam influenciados pelo rock.

Nesse sentido, Celly Campelo pode ter feito qualquer coisa, mas a história da MPB desconhece Banho de Lua e Estúpido Cupido.

Ninguém jamais ouviu qualquer coisa sobre Jovem Guarda, não se tem noticias de nenhum artista conhecido como Roberto Carlos ou Erasmo Carlos, nem ninguém que seja chamado de rei.

Não ouve nenhum culto aos Mutantes, porque Rita Lee e seus companheiros nunca foram influenciados.

Não apareceu ninguém, nem Secos e Molhados, nem Paralamas do Sucesso, nem RPM, ninguém.

O que parecia plantar no mundo a semente da ideia do Rock and Roll, apareceu no ano de 2002, com o final de uma guerra civil em Angola, mas não era tão respeitado como os ritmos nacionais. Então, os Acromaníacos desistiram daquela batida, que muito se parecia com o punk e a banda acabou.

Benguela e Luanda nunca se tornaram cenário de nada parecido com o rock, em 2004 o bar Caribe tocava de tudo, mas nunca se ouviu nada parecido com o rock.

Sem influencia nenhuma, nunca se pensou nos Neblinas, e video clipes como “Filhos da Pátria”  jamais foram gravados.

A Angola foi a última chance que o Rock and Roll teve para nascer. Mas, nesta realidade alternativa, o rock and roll nunca aconteceu.

 

Do livro: Realidade Alternativa, Mundos Alternativos – Fernando Fortuna.

Fernando Fortuna

Publicitário, escritor, cineasta, músico. Pois bem, amante das artes e dos movimentos filosóficos da alma. Noite Literal é o meu quintal celestial. É neste espaço que pretendo trocar energias com você.

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