EU NÃO SEI MEU NOME

Quantas coisas eu tive que esquecer, e não esqueci?

Eu me lembro de praticamente tudo.

E ainda tenho o dom da nostalgia.

Dores, angustias, alegrias.

Tudo tem cheiro e sabor.

Seja morno, quente, seja frio.

Tudo tem brio.

 

Somente os abraços de hoje, os de agora, não sinto.

Nada mais que uma intensão.

A poesia não concluída dos amantes,

Os livros pela metade da leitura na estante,

As pontes sem destino das sinapses,

A criança embrulhada pelo pacote do tempo,

Todo sonho, todo pensamento que me chama.

 

Relembro a fome e a gula.

O inicio frio do instante cavalgando a gestante.

O choque de respirar.

Sim, relembro o ar.

Me cansa tudo que relembra o peso.

Relembro cada verme que me come.

Quando perguntam quem sou, eu não relembro meu nome.

Fernando Fortuna

Publicitário, escritor, cineasta, músico. Pois bem, amante das artes e dos movimentos filosóficos da alma. Noite Literal é o meu quintal celestial. É neste espaço que pretendo trocar energias com você.

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