Quantas coisas eu tive que esquecer, e não esqueci?
Eu me lembro de praticamente tudo.
E ainda tenho o dom da nostalgia.
Dores, angustias, alegrias.
Tudo tem cheiro e sabor.
Seja morno, quente, seja frio.
Tudo tem brio.
Somente os abraços de hoje, os de agora, não sinto.
Nada mais que uma intensão.
A poesia não concluída dos amantes,
Os livros pela metade da leitura na estante,
As pontes sem destino das sinapses,
A criança embrulhada pelo pacote do tempo,
Todo sonho, todo pensamento que me chama.
Relembro a fome e a gula.
O inicio frio do instante cavalgando a gestante.
O choque de respirar.
Sim, relembro o ar.
Me cansa tudo que relembra o peso.
Relembro cada verme que me come.
Quando perguntam quem sou, eu não relembro meu nome.
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